Na história do conhecimento humano, o homem se encanta pelo maravilhoso espetáculo do mundo. Tal sedução intelectual o impele a buscar compreender a “Grande Realidade”. A busca pelo conhecimento está vinculada à constante necessidade de satisfazer a curiosidade intelectual, aliviando, assim, a freqüente dúvida de até onde (quanto) podemos conhecer. Se o mundo fosse um paraíso, um Jardim do Éden das histórias bíblicas, talvez o homem não ousasse compreendê-lo, entregando-se apenas ao deleite de desfrutá-lo. É uma hipótese. Mas não seria surpreendente se o homem, mesmo habitando um paraíso, requeresse entendê-lo, encontrar as soluções para problemas pessoais e utilitaristas. Quiçá tenha havido tal movimento na humanidade. O homem imbuído de usufruir o paraíso terrestre deparou-se com inúmeros obstáculos para sua auto-satisfação. Restando-lhe a procura sistemática pelas respostas a tais problemas – ao conhecimento.
Entretanto, essa procura sistemática pelo conhecimento não é livre de tensões, armadilhas e barreiras. Notam-se profundos obstáculos ao desenvolvimento do conhecimento, causados pelo dogmatismo das crenças e de certos raciocínios falaciosos. Também na ciência são encontrados viciosos pensamentos que entravam as iniciativas em busca do conhecimento. As religiões, com suas crenças e moralismos, desconfiam ferozmente da ciência e da filosofia. Da mesma forma que certos estudiosos, influenciados pelos costumes, teorias e práxis nas quais são moldados, estão suscetíveis a distorcer fatos investigativos, elaborando análises e interpretações inconsistentes. Assim, a pré-concepção em detrimento da observação; os pré-conceitos; a tradição tida como imutável; a atração pelo domínio intelectual e pela retórica em prejuízo da demonstração lógica e da comprovação empírica etc, cerceiam o progresso do conhecimento. Portanto, para haver uma observação pura e neutra, lógica e consistente, faz-se necessário o banimento de todo e qualquer preconceito que possa inviabilizar novas e importantes descobertas.
Novamente vem à tona a dúvida: Até onde (quanto) podemos conhecer? Inapagável é a questão pela qual há um limite para o conhecer. Ou pelo menos para os meios com os quais chegamos ao conhecimento. Indizíveis são os benefícios atribuídos à ciência, entre eles destacam-se a cura para muitas doenças, o desenvolvimento agrícola e tecnológico, o uso de recursos energéticos, o progresso da comunicação, a redução do trabalho braçal, entre outros. Contudo, a busca intransigente pelo conhecimento contribuiu imensamente para a degradação ambiental, para as catástrofes naturais, para o aumento incontrolável da desigualdade social, além de ter oferecido aos senhores da guerra o desenvolvimento de armas sofisticadas, convencionais e de destruição em massa.
É de extrema preocupação o uso indevido do conhecimento. Tudo é lícito para se chegar ao conhecimento absoluto? A humanidade quer e pode chegar a tal nível de conhecimento? São questões para um debate mais denso. No entanto, o homem é um ser que habita no tempo, e o tempo atual, além de propício para o desenvolvimento do conhecimento, é extremamente importante para refletirmos acerca das reais motivações de tal desenvolvimento. O movimento que impele a busca por respostas, presente na humanidade, existe e sempre existirá enquanto o homem pensar; mas faz-se necessário uma nova observação: Se o mundo foi um paraíso e hoje, transformado pela curiosidade humana, encontra-se arruinado e, em certas partes, inutilizável, existirá, então, limite para o progresso do conhecimento humano? Qual é esse limite, sem entrarmos em dogmatismos e preconceitos? A isso deve haver uma resposta.
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