sexta-feira, 25 de março de 2011

O que impulsiona o progresso do conhecimento?

Na história do conhecimento humano, o homem se encanta pelo maravilhoso espetáculo do mundo. Tal sedução intelectual o impele a buscar compreender a “Grande Realidade”. A busca pelo conhecimento está vinculada à constante necessidade de satisfazer a curiosidade intelectual, aliviando, assim, a freqüente dúvida de até onde (quanto) podemos conhecer. Se o mundo fosse um paraíso, um Jardim do Éden das histórias bíblicas, talvez o homem não ousasse compreendê-lo, entregando-se apenas ao deleite de desfrutá-lo. É uma hipótese. Mas não seria surpreendente se o homem, mesmo habitando um paraíso, requeresse entendê-lo, encontrar as soluções para problemas pessoais e utilitaristas. Quiçá tenha havido tal movimento na humanidade. O homem imbuído de usufruir o paraíso terrestre deparou-se com inúmeros obstáculos para sua auto-satisfação. Restando-lhe a procura sistemática pelas respostas a tais problemas – ao conhecimento.

Entretanto, essa procura sistemática pelo conhecimento não é livre de tensões, armadilhas e barreiras. Notam-se profundos obstáculos ao desenvolvimento do conhecimento, causados pelo dogmatismo das crenças e de certos raciocínios falaciosos. Também na ciência são encontrados viciosos pensamentos que entravam as iniciativas em busca do conhecimento. As religiões, com suas crenças e moralismos, desconfiam ferozmente da ciência e da filosofia. Da mesma forma que certos estudiosos, influenciados pelos costumes, teorias e práxis nas quais são moldados, estão suscetíveis a distorcer fatos investigativos, elaborando análises e interpretações inconsistentes. Assim, a pré-concepção em detrimento da observação; os pré-conceitos; a tradição tida como imutável; a atração pelo domínio intelectual e pela retórica em prejuízo da demonstração lógica e da comprovação empírica etc, cerceiam o progresso do conhecimento. Portanto, para haver uma observação pura e neutra, lógica e consistente, faz-se necessário o banimento de todo e qualquer preconceito que possa inviabilizar novas e importantes descobertas.

Novamente vem à tona a dúvida: Até onde (quanto) podemos conhecer? Inapagável é a questão pela qual há um limite para o conhecer. Ou pelo menos para os meios com os quais chegamos ao conhecimento. Indizíveis são os benefícios atribuídos à ciência, entre eles destacam-se a cura para muitas doenças, o desenvolvimento agrícola e tecnológico, o uso de recursos energéticos, o progresso da comunicação, a redução do trabalho braçal, entre outros. Contudo, a busca intransigente pelo conhecimento contribuiu imensamente para a degradação ambiental, para as catástrofes naturais, para o aumento incontrolável da desigualdade social, além de ter oferecido aos senhores da guerra o desenvolvimento de armas sofisticadas, convencionais e de destruição em massa.

É de extrema preocupação o uso indevido do conhecimento. Tudo é lícito para se chegar ao conhecimento absoluto? A humanidade quer e pode chegar a tal nível de conhecimento? São questões para um debate mais denso. No entanto, o homem é um ser que habita no tempo, e o tempo atual, além de propício para o desenvolvimento do conhecimento, é extremamente importante para refletirmos acerca das reais motivações de tal desenvolvimento. O movimento que impele a busca por respostas, presente na humanidade, existe e sempre existirá enquanto o homem pensar; mas faz-se necessário uma nova observação: Se o mundo foi um paraíso e hoje, transformado pela curiosidade humana, encontra-se arruinado e, em certas partes, inutilizável, existirá, então, limite para o progresso do conhecimento humano? Qual é esse limite, sem entrarmos em dogmatismos e preconceitos? A isso deve haver uma resposta.

EDUCAÇÃO NO COTIDIANO

Sempre que se discute educação, o fazemos sob o prisma da relação ensino-aprendizagem intra domum, isto é, daquela vivida nas salas de aula. Evidentemente, existe todo um processo de desenvolvimento de teorias pedagógicas, métodos e tentativas de se dar respostas para os desafios educacionais advindos com a pós-modernidade. Contudo, é mais que perceptível que a educação transcende a sala de aula. O grande desafio é a construção de uma nova sociedade, uma sociedade educada.

A educação intra domum, tanto aquela oferecida por instituições de ensino – privadas ou públicas – como a oferecida em casa, permite ao educando um leque muito grande de conhecimento. Sem dúvida os pais são as referências iniciais de seus filhos, são modelos a serem seguidos. Assim como os professores. Aquilo que transmitem torna-se verdade para quem os escuta. Com essa afirmativa podemos considerar que pais agressivos podem gerar filhos agressivos, pais mal-educados podem gerar filhos mal-educados. Atitudes corretas ou incorretas começam a ser observadas desde cedo. Nas escolas não é diferente. Professores despreparados formam estudantes medíocres. Um mestre que trata com arrogância outras pessoas, um diretor que não é capaz de cumprimentar seus funcionários, uma professora que fala mal de seus colegas, enfim, tudo encaminha os sujeitos que estão em formação a agirem da mesma forma, a reproduzirem esta má-educação.

O desafio é maior do que se pensa. As emissoras de telecomunicação precisam se engajar neste processo educativo. Seus programas devem incitar o bom comportamento, a convivência saudável entre as pessoas. Por mais triste que esta realidade se apresenta, é incontestável que em grande parte dos lares a TV tornou-se exemplo a ser seguido, senão o único exemplo. Outra problemática para a educação é o uso indisciplinado da internet. Este veículo pode ser usado como parceiro do processo educativo? A resposta é sim, contudo, há de se ter um cuidado muito grande com os conteúdos acessados pelas crianças e adolescentes.

Frequentemente vemos campanhas que apontam para mudanças de hábitos. Campanhas são importantes para a conscientização coletiva, porém, é preciso que cada um mude seu agir em todo caminhar de vida, seja profissional ou social. A educação está na base desses comportamentos cotidianos. É uma tríade que não pode ser esquecida: Ética-Justiça-Delicadeza. Viver estes pilares ajuda a melhorar o humor, melhora a convivência entre as pessoas. O pai precisa estabelecer regras para seus filhos, mas precisa também ser justo e delicado. Um professor precisa impor limites aos seus alunos, mas seria melhor conquistá-los através do bom exemplo. Um líder deve corrigir seus liderados, mas com delicadeza. Uma cidade fortificada não é imune aos ataques inimigos sem antes ser amada por seus cidadãos. É assim que se constrói uma sociedade educada, a partir de famílias educadas, de escolas educadas, de empresas e organizações educadas. A teoria é simples, é imperativo da ética: tratar o outro como gostaria de ser tratado. Mas devemos viva-la no dia-a-dia, sem esperar que o outro tome a iniciativa. A construção dessa sociedade pode ser muito penosa, mas se cada um fizer a sua parte, o processo se tornará intensamente agradável e os resultados imensamente gratificantes.